terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Minha frígida amada


.
.
.
o senhor Inverno
entrou e sentou
abriu largo sorriso
perguntou sobre um homem
chamado Abril

 

...............................não o conheço
.................................-respondi-
...........................mas conheço alguém
............................chamado Outubro

 

ele arregalou os olhos azuis
furioso
gritou
   
........................não toques neste nome!
.........................não sejas insolente!
.......................pelo visto és daqueles
........................inflamados amantes

 

eu sorri
ele soprou frio
ergueu-se da poltrona
sentenciou-me:

 
......................conheceste-a no verão
.............................foi bom
...........................foi quente
..............agora irás possuí-la em meu leito
................teu fogo a forja não suprirá
..........a ferradura do Zéfiro estará inacabada
.....................e tu jamais voarás
............tua ancora pesará mais a cada dia
..............tua corrente há de fortificar
............junto com tua responsabilidade

 

saiu batendo a porta
chorei por dento
por fim aceitei a culpa
afinal
eu não teria coragem
de anunciar a chegada
do senhor maldito Inverno
ao casto e ainda quente Abril
(ele contaria a Maio e eu nunca poderia me casar)

 

.
.
.(Eduardo Barbossa – Breve tratado sobre afrenia quotidiana)

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário