.
.
.
o senhor Inverno
entrou e sentou
abriu largo sorriso
perguntou sobre um homem
chamado Abril
...............................não o conheço
.................................-respondi-
...........................mas conheço alguém
............................chamado Outubro
ele arregalou os olhos azuis
furioso
gritou
.........................não sejas insolente!
.......................pelo visto és daqueles
........................inflamados amantes
eu sorri
ele soprou frio
ergueu-se da poltrona
sentenciou-me:
.............................foi bom
...........................foi quente
..............agora irás possuí-la em meu leito
................teu fogo a forja não suprirá
..........a ferradura do Zéfiro estará inacabada
.....................e tu jamais voarás
............tua ancora pesará mais a cada dia
..............tua corrente há de fortificar
............junto com tua responsabilidade
saiu batendo a porta
chorei por dento
por fim aceitei a culpa
afinal
eu não teria coragem
de anunciar a chegada
do senhor maldito Inverno
ao casto e ainda quente Abril
(ele contaria a Maio e eu nunca poderia me casar)
.
.
.(Eduardo Barbossa – Breve tratado sobre afrenia quotidiana)
Nenhum comentário:
Postar um comentário