moro em uma casa que fede abandono
móveis cobertos com poeira de solidão
louça por lavar
sexo por fazer
ela ignora que somos seres vivos (casa e eu)
e deixa que os dias se acumulem sobre nós
a filha chora por atenção
enquanto nós (casa e eu)
mantemos o silêncio sob a roupa suja no chão da lavanderia
existe muito a lavar
(porém ela resiste ao impulso)
o trabalho fora a consome
o salário é essencial para manter os cosméticos
e nós
sempre estaremos aqui
a aguardar seu retorno
com nossa organização masculina
nossa educação masculina
nossas contas de água e luz (estritamente masculinas)
e nossa solidão (assexuada)
nós
casa e eu
queremos combater o mofo que invade as paredes
lavar a louça
varrer
amamentar
mas não sabemos como
(nossa masculinidade nos prejudica)
(Eduardo Barbossa no livro "Minhas Simplicidades")
Amélia é que era mulher de verdade. Um machismo. A Amélia moderna tem de se adaptar a um novo gênero.
ResponderExcluirGrande abraço,
Isso mesmo... Mas a maior adptação deve ocorrer nos homens.
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