Pela janela do ônibus
percebo fantasmas
eles esperam no ponto
pela sua condução
(sabe se lá para onde)
também estão pelas ruas
nas calçadas
nos semáforos
nas praças
seus olhos opacos
inexpressivos
cortam-me
fundo
(não os ressuscitarei com meus centavos)
invisíveis
numerosos
temíveis
natimortos a sugar tetas secas de cola
algo move-se entre os jornais e papelões
puxão na barra da calça
tão comum que é despercebido
automático não
não
e NÃO
compreensivelmente renegáveis
de relance vultos
a purgar
e queimar
na esquina
(Desenho "Vultos" de Eduardo Barbossa, também do livro "Bestiário Antropomórfico")
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